domingo, 13 de abril de 2008

NG3 - Reflexividade e Pensamento Crítico

O iluminismo é a saída do homem da sua menoridade culpável. A menoridade é a incapacidade de se servir do próprio entendimento sem o auxílio de outrem.
Immanuel Kant, Resposta à pergunta: O que é o iluminismo
Este núcleo gerador supõe do aprendente a assimilação do ideal das luzes, expresso por Immanuel Kant, no seu texto de 1784, Resposta à pergunta: O que é o iluminismo?
A resposta do insigne filósofo alemão, polarizando-se a partir dos correlativos conceitos de autonomia e liberdade, evidencia desde o primeiro instante a exigência de uma atitude reflexiva, que, consubstanciada a um distanciamento crítico capaz de separar, escolher e julgar - assim o exorta a etimologia do último vocábulo - seja capaz de analisar metodicamente os acontecimentos sócio-económicos que se vão materializando no âmbito privado, profissional, institucional e macro-estrutural de cada um dos candidatos ao RVCC.
Como aproximação a este núcleo gerador propomos um exercício de reflexão a partir de dois poemas, que, enunciando duas atitudes opostas de liberdade e escravidão, poderiam elucidar os adultos acerca do significado da emergente noção de cidadania.


Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
...................................
José Régio


Diz Sim Ao Mestre

Diz sim ao mestre, vírgula;
ele é o mestre, vírgula;
tu estás na terra,
sem vírgula,
para te submeteres ou para te calares.

Vamos, repete:
Diz sim ao mestre,
o mestre já te disse
para pores a pinta no i.
Ele é o mestre.
E o m, desta vez sem maiúscula,
importante, lembra-te, vírgula.
Tu estás na Terra, um e e dois rr,
para te submeteres.
A quem? Ao mestre, c’os diabos
ou para te calares, cala-te.
Cuidado com os dedos e ponto final,
meu menino, atenção à tua nota.
Repete: Diz sim ao mestre… ´
Diz sim ao mestre…
A verdade ensina-a ele nos seus ditados.
Escutem, respeitem o mestre.
Ele tem… ele sabe,
ele pensa logo seguimo-lo, invejamo-lo,
porque ele é o mestre.
Ele sabe tudo, ele pensa por nós.
É o guardião seguro da nossa cultura.
Nós somos imbecis ele é o evangelho.
Filhinho, é preciso escutá-lo,
se não, onde vamos parar?
Repete: Diz sim ao mestre…
.............................................
Michel Fugain

2 comentários:

JL disse...

Caro Dr. Emanuel,

Parabéns pelo seu blog. Excelente qualidade de recursos. Estou a recomendar uma visita a colegas.
Até breve,
João Lima

katia mata disse...

muitos parabens pelo seu trabalho. tenho a certeza que vai ajudar muita gente incluindo a mim. força para continuar e obrigado