sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

NG2 - DR2 - Processos de inovação

Exercer iniciativa e criatividade em novos processos de trabalho.
  1. Sou capaz de identificar novos processos de trabalho, tendo em consideração a forma como eram desenvolvidos no passado?
  2. Sou capaz de relatar a insuficiência dos suportes técnicos e/ou organizacionais nos processos de trabalho e de adaptação a situações inesperadas?
  3. Sou capaz de explorar e utilizar as TIC para acesso a dados e respectiva triagem?

Nos alvores da história, a civilização deve-se à escravização de um homem por outro. Isto é duro, mas temos de referi-lo. Um selvagem não se coloca a trabalhar, porque a satisfação que busca não lhe compensa o esforço, tem poucas necessidades. Mas veio outro mais forte, ou mais bruto, que escravizou-o e colocou-o trabalhar para os dois. Ao tirano, como não tinha mais que fazer senão vigiar o escravo, ocorreu-lhe um conjunto de coisas que não poderiam ocorrer a quem tem de trabalhar. Hoje, o impulso da civilização é do de baixo que premeia o de cima. Os romanos conheciam os moinhos de água, mas não os utilizavam porque era mais barato ter um escravo que movesse a roda. Quando o escravo encareceu implantaram o moinho. À medida que o de baixo diz: "quero mais", o de cima tem de defender-se, inventando algo novo. E assim foi prosperando a indústria, graças às exigências dos trabalhadores.

Miguel de Unamuno,

Conferência no circuito literário de Almería, 30 de Agosto de 1903


A correcta determinação dos factores que estruturam e configuram a realidade histórica tem constituído um eterno problema, cuja solução tem oscilado segundo a orientação intelectual dos pensadores que procuram resolvê-la.

As posições tanto antitéticas como contraditórias de marxistas e hegelianos constituem uma prova clara do que acabamos de referir. Pois, se os partidários de Karl Marx, vinculados ao materialismo histórico, vislumbram nas relações económico-sociais - no capital, portanto - a origem da história; diferentemente, os partidários de Hegel, animados por uma concepção idealista, apontam para as ideias como origem do todo o progresso.

A inteligibilidade das referidas concepções fazer-se-ia imediatamente perceptível se se analisa, com algum rigor, a origem da expansão ultramarina. O que é que levou portugueses e espanhóis a lançarem-se na época dos descobrimentos? Uma concepção materialista, na esteira de Marx, apontaria para os fracos recursos económicos do país, presentes num clima e geografia desfavoráveis. Uma concepção idealista, na linha de Hegel, desvinculada das necessidades materiais, apontaria para o alargamento da res publica christiana, isto é, para a expansão do império e da fé cristã.

Unamuno, leitor e intérprete dos grandes clássicos da história universal, apresenta de forma conjunta e integrada ambas as concepções como origem do progresso histórico. Se, num primeiro momento, desde uma perspectiva sincrónica, sugere que o idealismo histórico, expresso na sujeição do deserdado ao senhor, foi o motor da história; num segundo momento, apoiado numa perspectiva diacrónica, apresenta o materialismo histórico, presente no encarecimento da mão-de-obra, como origem da mesma.

Se se analisa a referida temática dentro do contexto profissional, a génese da evolução dos processos de produção colocar-se-nos-ia imediatamente como um problema a resolver. Qual é o princípio que determina os processos de inovação? Porque é que as empresas se actualizam, quer quanto à qualificação da sua mão-de-obra, quer quanto aos seus suportes técnicos de cariz informático e/ou mecânico?

Na linha das análises precedentes poderíamos afirmar, por um lado, que o encarecimento da mão-de-obra exige que as empresas invistam cada vez mais na aquisição de recursos técnicos capazes de as tornarem competitivas dentro dos mercados nacionais e internacionais (materialismo histórico); e que, por outro, as novas concepções de trabalho - onde adquirem especial relevo as formações profissionais - permitem que as empresas tenham trabalhadores cada vez mais qualificados e por isso capazes de rentabilizar as suas linhas de produção (idealismo histórico). Neste sentido, podemos afirmar que são tão importantes políticas públicas que proporcionem especializações laborais, capazes de atrair empresas internacionais para o país, como a defesa dos direitos laborais que, obrigando à vanguarda e a uma inovação constante, impedem que as empresas deixem de ser competitivas.


Proposta de trabalho: Tendo em consideração a sua experiência laboral, indique os processos de inovação que foram surgindo no seu local de trabalho, quer a nível dos suportes técnicos, quer a nível da sua formação profissional, reflectindo sobre a importância da evolução das formas de produção na estabilidade da sua empresa e dos seus trabalhadores. Na sua reflexão, pode ainda sugerir novas formas de produção, capazes de proporcionar maior produtividade e satisfação profissional aos trabalhadores. A comparação positiva ou negativa com outras empresas do mesmo sector, poder-lhe-iam facilitar a compreensão da importância dos processos de inovação.

Sem comentários: