quinta-feira, 11 de setembro de 2008

NG7 - Argumentação e Assertividade

«O ser humano fala. Falamos acordados, falamos em sonhos, falamos sem cessar, mesmo quando não proferimos qualquer palavra e não fazemos senão escutar ou ler. Falamos porque falar nos é natural».
Martin Heidegger, La parole

A argumentação está presente em todos os domínios da nossa vida, pois socorremo-nos dela para apresentar e defender os nossos pontos de vista, nas relações que mantemos no contexto privado, profissional, institucional e macro-social em que estamos inseridos.
A palavra caracteriza-nos, enquanto seres dotados de razão e sentimentos. Somos palavra, como diria Heidegger. E é através desta que pensamos e comunicamos com os demais.
Segundo este filósofo, a palavra é tão mais importante quanto não haveria pensamento se ela não fosse anterior ao mesmo, isto é, se não houvesse palavras antes do próprio pensamento. E, com efeito, basta não esquecermo-nos da nossa infância para nos apercebermos que o nosso pensamento se foi forjando à medida que os nossos pais nos foram ensinando as palavras que utilizamos no nosso dia-a-dia.
Se somos palavra e se comunicamos através da mesma, é fundamental compreender a estrutura do acto argumentativo. Pois, ao acedermos à forma como a argumentação se processa, podemos evitar as influências e manipulações que o emissor possa inculcar no receptor (publicidade).


As quatro variáveis da argumentação.

«Postulamos que a argumentação é simultaneamente raciocínio e relação. Trata-se ao mesmo tempo de obedecer às regras da "razão" através de um sólido procedimento lógico e de desenvolver "razões" adaptadas à especificidade das pessoas a quem o discurso se dirige.
Para responder a esta dupla exigência, temos de ter em conta as quatro variáveis essenciais a toda a situação de argumentação.

  1. o argumentador,
  2. o destinatário,
  3. a mensagem,
  4. o contexto (ou meio).

- Em relação ao argumentador, a questão-chave é: "Qual é a sua credibilidade?" É competente? É digno de confiança? Os gregos falavam neste sentido de ethos, ou seja, da virtude moral, qualidade fundamental do orador.
- Em relação ao destinatário, a questão-chave é: "Qual é o seu universo relacional e afectivo?" A retórica grega falava de pathos, termo que engloba o conjunto dos sentimentos e das emoções.
- O terceiro pólo da situação é a mensagem que vai ser transmitida, ou seja, a tese e, simultaneamente, as justificações sobre as quais ela está fundada. O termo grego que lhe corresponde é o logos que significa razão. A questão-chave sobre a mensagem é: "Qual é o rigor, a validade dos raciocínios e dos elementos que são produzidos?"
- Esta situação de argumentação, que representámos pelo triângulo argumentador-mensagem-destinatário, inscreve-se num meio particular, espacial, temporal, organizacional e/ou institucional».


R. & J. Simonet, L'Argumentation. Stratégie et tactiques.

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